“O que eu testemunhei naquele dia foi uma das coisas mais perturbadoras que já vi na vida”, diz Yenny Aude, então funcionária de uma ONG que apoia mulheres latino-americanas no Reino Unido.
Margarita Rodriguez/BBC Mundo
Ela fala do dia em que descobriu o caso de uma latina traficada para Londres. Eram 11 da manhã quando atendeu o telefonema de um policial.
“Ele disse que haviam achado uma mulher em uma casa que estava envolvida com prostituição e tinha ferimentos muito graves porque havia sido muito maltratada”, relembra Yenny, hoje diretora da Latin American Women’s Aid (Lawa, na sigla em inglês).
O policial disse que ela estava “muito alterada, está gritando”. “Fala um idioma que não entendemos, talvez seja português. Vocês podem vir, por favor?”.
Yenny, da Lawa, pediu a uma amiga que fala português para acompanhá-la. No local, percebeu que a vítima de 26 anos era colombiana. “Quando ela foi encontrada, ela estava pendurada e perdendo muito sangue. Estava sofrendo um aborto e sendo estuprada ao mesmo tempo.”
Tortura
O caso ocorrido em 2010 ilustra o pesadelo de muitas mulheres que vão parar na Inglaterra desta forma. Como tantas outras, a vítima havia saído da Colômbia rumo à Espanha com a intenção de trabalhar, mas foi enganada.
Quando chegou ao país, tomaram seus documentos e a forçaram a se prostituir “por alguns anos”. “Quando falei com ela pela primeira vez, perguntei se sabia onde estava, e ela disse: ‘Na Espanha?’. Não lembrava-se de como havia ido parar em Londres”, afirma Yenny.