A atriz brasileira Bruna Fornasier, de 25 anos, planejou e economizou dinheiro para uma longa viagem sozinha pela Ásia, sonho que ela conseguiu concretizar em abril. Ao longo de um mês e meio, conheceu Hong Kong, Bali, Cingapura, Malásia e Tailândia.
Tudo corria bem até a etapa tailandesa da viagem, quando Bruna foi vítima de um abuso sexual dentro do quarto do hostel onde estava hospedada.
Com a ajuda das redes sociais, acabou conseguindo localizar o agressor e levá-lo à polícia – em um processo “lento e desgastante”, que envolve também um desentendimento com o hostel onde o crime ocorreu.
Bruna agora aguarda o desfecho de seu caso para decidir se prossegue sua viagem – antes da agressão, ela planejava ir da Tailândia para Laos, Vietnã e Camboja. Ela diz que resolveu buscar justiça para evitar que o agressor saísse impune e continuasse a praticar abusos.
Leia seu depoimento à BBC Brasil:
Estava fazendo uma viagem pelo sudeste asiático. Cheguei à Tailândia no dia 26 de maio e fui a um albergue que era super-renomado em todas as redes sociais, um “party hostel”. Cada quarto tem cerca de 10 cubículos. As camas são fechadas nas laterais e só é possível a entrada e saída através de um acesso protegido por uma cortina, onde ficam os pés da cama.
Saí naquela noite. Fui à uma festa e voltei sozinha ao albergue por volta de 1h da manhã. Deitei no meu cubículo e dormi. Acordei, assustada, quando senti um cara em cima de mim, colocando a mão dele dentro da minha vagina. Quando percebi o que estava acontecendo, gritei para ele sair. Ele disse que ia enfiar o pênis dentro de mim. Comecei a chutá-lo e ele saiu.
Pela manhã, expliquei a uma pessoa encarregada do albergue que havia sido vítima de abuso sexual. Ela perguntou se eu queria ir à polícia, mas naquele momento eu estava abalada, queria desaparecer.
O gerente foi chamado e eu pedi os dados do meu agressor, um indiano. Ele me pediu que eu preservasse o nome do albergue caso eu decidisse escrever nas redes sociais o que havia acontecido. Essa era a única preocupação dele. Fiquei indignada. Peguei minha mala e me hospedei em outro hotel.
Contei o que havia acontecido à minha família e publiquei um post no Facebook relatando o abuso. Meu post repercutiu muito. Nunca imaginei que seria assim. Quando publiquei, minha intenção era de que todas as pessoas conhecidas soubessem do ocorrido. Queria transformar essa história horrível em um alerta para outras pessoas.
Decidi formalizar a denúncia contra o abusador. Fui à polícia turística e encontrei uma oficial que me orientou a fazer a denúncia na delegacia. Da delegacia fui encaminhada ao hospital para fazer exames. O médico disse que minha vagina tinha um corte, estava um pouco inchada. Aquilo não provava nada, claro.
Fui encaminhada a uma psiquiatra. Ela assinou um laudo que confirmava que eu havia sido vítima de abuso sexual. Isso permitiu que os policiais locais finalmente me levassem a sério.
Prestei depoimento na delegacia por mais de cinco horas. Me perguntaram quantos dedos o cara colocou na minha vagina. A policial de turismo estava comigo e traduzia tudo. Foi um processo lento e desgastante. Leia matéria completa...
Fonte: BBC Brasil